Técnico assume bronca por mau momento na temporada, dá resposta com vitória por 1 a 0 sobre o maior rival na Libertadores e restabelece calmaria no Tricolor.
Por Eduardo Moura — Porto Alegre
Se há alguém por ser saudado após o segundo Gre-Nal da Libertadores, nesta quarta-feira, esse alguém é Renato Portaluppi. A vitória do Grêmio por 1 a 0sobre o maior rival é a resposta e o argumento para o treinador acabar com a pressão sobre ele, ganhar novamente a torcida e carimbar as mudanças no time.
Nos últimos dias, o ídolo trabalhou nos bastidores e nos microfones reafirmando a qualidade do elenco e minimizando os resultados ruins. O gol de Pepê no Beira-Rio levou o Grêmio ao 10º Gre-Nal sem perder — o maior período é de 13 partidas, entre 1999 e 2002. E são pelo menos mais dois na temporada.
Depois de repetir insistentemente que havia exagero nas cobranças, Renato viu o cenário perfeito para desabafar depois de vencer mais um Gre-Nal. É bom que se diga que a torcida do Grêmio chegou a ir à Arena protestar, justamente depois de uma derrota na Libertadores.
—Adoramos quando vêm as críticas, vemos que é do coração, não da cabeça. Falavam que o Grêmio estava correndo pouco e cansando. Deu demonstração do preparo físico. Falta entrosamento, que é normal, mas nunca falta vontade, tesão para o grupo. Viemos na casa do adversário e não deixamos jogar. Isso é Grêmio. Há pessoas que têm que parar de dar opinião com a camisa do Internacional por baixo. Sejam profissionais — cobrou o treinador.
São 23 clássicos disputados por Renato Portaluppi como treinador, com nove vitórias, 11 empates e só três derrotas em suas três passagens no comando do Grêmio — não está na conta o jogo pelo Gauchão de 2011, em Rivera, quando Roger Machado, então auxiliar, foi o técnico no banco de reservas.
Momento certo para reação
Evidentemente, a vitória não significa todos os problemas do Grêmio resolvidos. Mas um caminho pavimentado para ser repetido e reforçado com convicção. Talvez não no sábado, contra o Atlético-MG, pela necessidade de eventualmente preservar peças.
— É a transição que estamos fazendo. Tem três ou quatro esquemas. Muita gente não percebeu ainda. Às vezes tenho que modificar pelas ausências de jogadores. E mesmo assim, estamos reinventando a cada partida. Importante não ficar somente em um esquema. Deu certo contra o Palmeiras e contra o Internacional — explicou Renato.
Renato encontrou seu time titular sem peças importantes como Maicon e Jean Pyerre. E não há ainda previsão de retorno de ambos. O trio de meio-campo, com Lucas Silva inspirado, e a compactação amarraram o rival Inter, também tropeçando em seus próprios problemas.
Orejuela, por exemplo, foi destaque positivo do Grêmio e fundamental no lance do gol de Pepê. Cortez novamente fez jogo seguro pela esquerda. Ambos escolhas do treinador. Ao repetir estratégias de clássicos anteriores, Renato mostrou ter a fórmula para bater o maior rival. Tudo acaba no ídolo.
O Grêmio completou 263 passes contra 420 do rival, teve a bola em 35% do tempo e finalizou nove vezes contra 11 do Inter. Ainda assim, foi superior ao impedir os colorados de avançarem ao campo ofensivo. Os dados são da TV Globo.
Esteve agrupado e mais compactado. Assim, correu menos, o que exigiu menor esforço físico. E assim precisa seguir para engatar uma sequência boa e afastar de vez a desconfiança sobre o Tricolor no Brasileirão.
Na Libertadores, o time gaúcho tem sete pontos, mesma pontuação do rival, e está na segunda colocação no Grupo E apenas pelo saldo de gols. Na terça, recebe a Universidad Católica na Arena. Antes, no sábado, encara o Atlético-MG pelo Nacional.
(Foto: Lucas Uebel/Grêmio).
(Com informações do GE).