A emergência fitossanitária no Paraná foi prorrogada pelo governo estadual por mais 180 dias, como medida para combater o greening, uma das pragas mais severas que afetam os citros globalmente. A intenção é manter uma resposta ágil e eficaz no controle da doença. A extensão foi anunciada através do Decreto 6.356/2024, publicado na última sexta-feira, 28 de junho.
Desde o início das ações efetivas contra o greening ou HLB (Huanglongbing) e seu principal vetor, o inseto psilídeo Diaphorina citri, aproximadamente 280 mil plantas cítricas e ornamentais, como a murta, foram erradicadas nas regiões Noroeste e Norte do Estado nos últimos dois anos.
A erradicação das plantas infectadas, o uso de mudas saudáveis provenientes de viveiros registrados e o controle eficiente do inseto vetor por meio de produtos biológicos e químicos são algumas das boas práticas recomendadas no combate à doença.
“O decreto de emergência fitossanitária é uma medida rigorosa, porém necessária e apoiada por toda a cadeia da citricultura. Ele possibilita ações efetivas para controlar o problema e assegurar que a citricultura continue sendo uma atividade relevante do ponto de vista econômico e social no Paraná”, afirmou Natalino Avance de Souza, secretário de estado da Agricultura e do Abastecimento.
Na semana passada, um balanço das ações foi apresentado durante uma reunião da Câmara Técnica de Citricultura em Paranavaí. “Buscamos reforçar o envolvimento dos técnicos de empresas públicas e privadas e garantir o apoio político que fortaleça as ações já realizadas”, comentou Marlene Calzavara, citricultora e engenheira agrônoma.
Desde 2007, um grupo de trabalho vem enfrentando o greening, detectado recentemente no Brasil. Com o agravamento da doença a partir de 2022, o grupo foi ampliado e transformou-se na Câmara Técnica da Citricultura em 2023. “O índice de contaminação, que era de 1%, saltou para 10% e até 20% em algumas propriedades”, destacou Marlene.
BIG CITROS – A Operação BIG Citros, realizada em agosto do ano passado, foi uma das principais iniciativas até agora. Ela envolveu ações de conscientização, fiscalização e medidas reforçadas de prevenção e controle do greening, que ainda estão em andamento.
A operação contou com 40 servidores em 24 municípios dos núcleos de Apucarana, Cornélio Procópio, Ivaiporã, Londrina, Maringá, Paranavaí e Umuarama. Paulo Marques, chefe da Divisão de Sanidade da Fruticultura da Adapar, informou que, desde então, 409 fiscalizações foram realizadas em propriedades com produção comercial de citros, 376 em áreas não comerciais e duas em viveiros clandestinos.
Foram emitidas mais de 200 notificações para a erradicação de plantas sintomáticas ou apresentação de um plano de manejo para o controle do HLB e do vetor, além de 20 autos de infração.
O objetivo é impedir o comércio ilegal de mudas cítricas, uma das formas de disseminação de pragas. “Esse comércio fomenta a criação de pomares sem acompanhamento técnico adequado, um risco para toda a atividade”, afirmou Marques.
DOENÇA – O greening é uma praga severa, de rápida disseminação e controle dificultoso. No Brasil, a bactéria Candidatus Liberibacter asiaticus (CLas) é o principal agente causador. A doença afeta praticamente todas as espécies cítricas, além de outras plantas como murta (Murraya paniculata), Fortunella spp. e Poncirus spp., e é transmitida pelo psilídeo asiático dos citros Diaphorina citri Kuwayama.
O HLB causa sérios danos às plantas cítricas, principalmente com a queda prematura dos frutos, que leva à redução da produção e pode resultar na morte precoce das plantas. Os frutos afetados ficam menores, deformados, com sementes abortadas, menor teor de açúcar e maior acidez, prejudicando seu sabor, qualidade e valor comercial, tanto para consumo in natura quanto para processamento industrial.
Renato Rezende Young Blood, chefe do Departamento de Sanidade Vegetal da Adapar, destacou que o greening atinge com mais intensidade os primeiros 50 metros dos pomares. “As pequenas propriedades são mais afetadas por terem mais borda proporcional às suas áreas que as grandes”, explicou. “A importância de um bom controle nas bordaduras é crucial, onde a Adapar atua com maior eficiência”.
CONTROLE BIOLÓGICO – Além da proibição de mudas de viveiros irregulares, práticas como o uso de quebra-ventos, adensamento do plantio, adubação, irrigação de qualidade e cobertura vegetal também são importantes para o rápido desenvolvimento da planta, diminuindo a exposição ao inseto, já que a transmissão é mais comum em brotos do que em folhas adultas.
O controle do psilídeo também pode ser feito com a Tamarixia radiata, uma vespa parasitoide criada em laboratório, inclusive no IDR-Paraná, para atuar como inimiga biológica do inseto. Desde 2016, mais de 10 milhões de vespas foram liberadas no Paraná em áreas marginalizadas às propriedades comerciais de aproximadamente 60 municípios.
No campo, essas vespas procuram os ninhos de Diaphorina citri para se reproduzir, depositando seus ovos sob as ninfas, que serão alimento para as larvas. Cada vespa pode eliminar até 500 psilídeos, reduzindo assim o número de vetores e a incidência da doença.
O Brasil é o maior produtor mundial de laranja e suco, sendo o Paraná o terceiro maior produtor nacional da fruta, atrás de São Paulo e Minas Gerais. (Informações e texto: AEN)
Receba informações atualizadas sobre agricultura, pecuária, economia e previsão do tempo na palma da sua mão: entre em nosso grupo no WhatsApp!