A Polícia Federal apresentou nesta terça-feira (31) um esquema de segurança inédito que será disponibilizado para a proteção dos candidatos à Presidência da República.
O reforço na operação de garantia da segurança dos postulantes ao Palácio do Planalto foi feito diante do atual cenário de polarização e tensão política, bem como o histórico de violência no pleito anterior.
Entre outros pontos, o plano apresentado pela PF envolve a criação de um grupo de inteligência de segurança aos presidenciáveis e a definição de uma metodologia para identificar os riscos contra cada candidato.
Pela primeira vez, cada campanha poderá escolher os policiais federais que vão coordenar o esquema de segurança. A PF afirma que selecionou agentes que trabalharam em eleições passadas ou em grandes eventos recentes, como a Copa do Mundo e as Olimpíadas.
Entre 300 e 400 policiais federais vão participar da operação. O número de agentes em cada campanha será definido de acordo com uma análise de risco. A metodologia, segundo a PF, leva em conta a posição do candidato nas pesquisas e o histórico de atentados e incidentes contra ele, entre outros fatores.
Durante as eleições de 2018, o atual presidente, Jair Bolsonaro (PL), foi vítima de uma facada durante um ato de campanha em Juiz de Fora (MG).
Do lado petista, a preocupação com a segurança intensificou-se neste último mês e ficará evidenciada nos próximos eventos. O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem feito ajustes em sua agenda por orientação da sua equipe de segurança, que tem vetado locais considerados inadequados.
“É notório até o momento que essa é uma eleição muito polarizada. Isso não implica necessariamente que seja uma eleição com maior risco. A gente está se preparando, se dedicando, para ter condições de fazer um bom trabalho mesmo em um ambiente onde haja tanta paixão”, afirmou o diretor-executivo da PF, Sandro Avelar.
O coordenador de proteção à pessoa da PF, Thiago Marcantonio Ferreira, disse que as equipes vão ficar à disposição dos candidatos onde eles indicarem que é a base eleitoral deles. “Parte dela vai viajar com o candidato. Caso seja necessário [durante a viagem], a equipe vai solicitar apoio da segurança pública de cada estado”, afirmou.
A operação conta com uma parte operacional e um braço de inteligência, que vai identificar os riscos de cada compromisso.
As campanhas deverão informar a agenda do candidato à PF com no mínimo 48 horas de antecedência. Com base nas informações de inteligência, a Polícia Federal poderá sugerir que o presidenciável mude determinada agenda ou reforce a segurança com proteção privada.
A PF afirma que já investiu cerca de R$ 32 milhões no esquema de proteção a candidatos. A corporação comprou 71 veículos SUV blindados, coletes e pastas balísticas –que são usados hoje apenas pelo GSI (Gabinete de Segurança Institucional)–, uniformes e kits de pronto-socorro. A pasta balística funciona como uma espécie de escudo à prova de balas.
Outros R$ 25 milhões serão gastos durante a operação com despesas que envolvem diárias e passagens para os policiais envolvidos. Os valores, segundo a PF, estão dentro do orçamento deste ano.
Os presidenciáveis têm direito ao aparato da Polícia Federal após a homologação das candidaturas durante as convenções partidárias, a partir de 20 de julho. O policiamento em tempo integral será feito a partir de 16 de agosto, quando começa a campanha partidária.
A apresentação foi feita nesta terça logo após uma reunião na sede da Polícia Federal, em Brasília, com os coordenadores das campanhas dos pré-candidatos. De acordo com a corporação, na reunião desta terça os representantes dos candidatos não apontaram algum risco ou receio oficialmente.
Segundo a PF, os agentes que vão atuar na campanha presidencial são especializados em proteção à pessoa e estão passando por treinamentos “adequados, específicos e contínuos”. A segurança será reforçada pela PF até a posse presidencial.
Como mostrou a Folha de S.Paulo, integrantes da PF consideram que essa é a eleição mais preocupante da história em termos de segurança. A avaliação é de que as redes sociais ampliaram as formas de mobilização de apoiadores e adversários, o que aumenta os riscos.
Diante disso e também do período mais curto de campanha, a PF antecipou a elaboração do plano de proteção dos presidenciáveis. Os partidos receberam ofício para tratar do tema em março.
Fonte: R7