A engenheira-agrônoma Juliana Freitas-Astúa, pesquisadora da Embrapa Mandioca e Fruticultura (Cruz das Almas, BA), Unidade da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária – Embrapa, vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, e presidente da Sociedade Brasileira de Fitopatologia (SBF), está na lista de 50 cientistas da Embrapa que compõem o Índice Científico Alper-Doger (AD), novo sistema de ranqueamento de produtividade internacional que mapeou os 604 cientistas mais citados da América Latina em 2022.
“Estar neste ranking é um reconhecimento importante do trabalho do pesquisador, da Unidade de pesquisa e da Embrapa. Este tipo de indicador abre portas, porque, quanto mais citado o pesquisador é, maior a chance de estabelecer colaborações internacionais e conseguir recursos externos”, salienta Juliana, que trabalha principalmente com a cultura dos citros.
Para ela, o fato de se dedicar a uma cultura global, de importância mundial, colabora para a sua presença no AD. “Nosso trabalho é um pouco híbrido; temos uma linha de pesquisa mais fundamental, mais básica, que busca entender as interações biológicas e moleculares entre vírus, plantas e seus vetores para doenças como a leprose dos citros, mas desenvolvemos também trabalhos bem aplicados, que são bastante citados.
Nos últimos anos, caracterizamos diversos novos patógenos, muitos deles em áreas de pequenos produtores. Além da caracterização molecular, nós estabelecemos métodos de detecção, identificamos seus vetores e sugerimos alternativas de manejo; então há um lado do nosso trabalho com aplicação bem prática que, quero crer, desempenha um papel social”, continua. “Mas existem muitos trabalhos extremamente importantes e úteis e que, às vezes, não entram nesses rankings de citação porque são mais locais ou dizem respeito a uma cultura mais regional, como maracujá, por exemplo. Provavelmente haverá um número menor de citações, mesmo sendo importantíssimos para um determinado nicho ou região”, salienta.
De acordo com o AD, trabalho mais citado de Juliana é sobre como o sequenciamento de diversos genomas de tangerina, pomelo e laranja e revela uma história complexa durante a domesticação de citros. É fruto de um consórcio internacional com pesquisadores de outras instituições do Brasil e da Espanha, dos Estados Unidos e da China. Publicado em 8 de junho de 2014 na revista Nature Biotechnology, já foi acessado por 28 mil usuários e citado 382 vezes na literatura científica.
Recentemente, Juliana foi um dos únicos brasileiros a estamparem a campanha 40 Faces da Fitopatologia British da Society for Plant Pathology (Sociedade Britânica de Fitopatologia) – BSPP, que traz perfis escritos por cada participante, com informações sobre sua trajetória pessoal e profissional, os desafios de fitopatologia que mais gostariam de ver resolvidos, e o que poderia melhorar o mundo da fitopatologia em termos de inclusão. O outro brasileiro foi seu colega Francisco Laranjeira, recém-selecionado como chefe-geral da Embrapa Mandioca e Fruticultura.
Carreira
Juliana Astúa possui graduação em Engenharia Agronômica pela Universidade de São Paulo (USP), mestrado em Fitopatologia pela USP, doutorado em Fitovirologia pela Universidade da Flórida e pós-doutorado pela USP. É pesquisadora da Embrapa Mandioca e Fruticultura desde 2002, atuando em colaboração com a Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA). É a responsável pelo campo avançado da Embrapa Mandioca e Fruticultura na capital paulista.
Foi presidente da International Organization of Citrus Virologists (IOCV) no período de 2013 a 2016, e desde então, faz parte do conselho desta organização. É copresidente do grupo de estudos sobre a família Rhabdoviridae do Comitê Internacional de Taxonomia de Vírus (ICTV) e membro do painel internacional para elaboração de protocolos para o diagnóstico da leprose dos citros para a Convenção Internacional de Proteção Vegetal (IPPC/FAO). Desde 2018 é professora visitante da Southwest University (Chongqing, China).
Fonte: Embrapa