Jorge Andrade diz que Peixe tem plano de três anos, período da gestão Andres Rueda
Cuca avisou à diretoria do Santos que não seguiria no clube nesta temporada logo depois da vitória por 2 a 0 sobre o Coritiba, no dia 13 de fevereiro. A partir dali, a diretoria iniciou uma corrida contra o tempo para achar um substituto.
Mas quem atenderia às expectativas do clube e aceitaria as condições propostas, inicialmente sem poder contratar jogadores por causa da punição da Fifa? E quem se encaixaria no perfil procurado pelos dirigentes?
Em meio a tantos nomes oferecidos e alguns analisados, o Santos chegou a Ariel Holan. O técnico argentino de 60 anos, com boas passagens por Defensa y Justicia, Independiente e Universidad Católica, chamou atenção do Peixe por se encaixar em tudo o que o clube procurava, como explica Jorge Andrade, gerente executivo de esportes.
– Ele tem excelência de trabalhar com jovens, excelência em competições internacionais, conhecimento de metodologia de treino, capacidade de relacionamento com estafe, jogadores e diretoria. É uma pessoa do bem, com bom relacionamento. Não íamos abrir mão de tudo o que foi construído com o Cuca – explicou.
Quase 10 dias depois, em 22 de fevereiro, o Santos anunciou Ariel Holan. O técnico, que rescindiu com a Universidad Católica para fechar com o Peixe, foi avisado pelo presidente Andres Rueda sobre todos os problemas enfrentados pelo clube, como dívidas e proibição de contratar novos jogadores, e concordou com o projeto apresentado para os próximos três anos.
O projeto, inclusive, tem Ariel Holan como parte. O contrato do treinador vai até o fim de 2023, justamente o “prazo” para o Santos colocar em prática as ideias desenhadas por Jorge Andrade.
– Ele acredita no nosso projeto. Conversamos muito desde as primeiras entrevistas, ainda virtualmente. Estamos com um pensamento e uma ideia de trabalho bem alinhada. Ele tem conhecimento total de tudo o que está acontecendo no clube. O presidente é muito transparente com ele. Colocou todas as situações – completou.
Jorge Andrade, gerente de futebol do Santos — Foto: Ivan Storti
Independentemente do momento atual, o Santos tem planos para o futuro. Entre as ideias está, é claro, poder voltar a contratar jogadores para reforçar o elenco comandado por Ariel Holan assim que conseguir quitar a dívida com o Huachipato, do Chile, referente à contratação de Soteldo.
Apesar do desejo de reforçar e qualificar o elenco, Jorge Andrade alerta para a necessidade de não tirar o espaço dos garotos promovidos das categorias de base. Do time titular contra o Deportivo Lara, nesta terça-feira, pela estreia da Libertadores, por exemplo, sete jogadores são crias do próprio Santos.
Jorge Andrade não quer que a utilização de garotos na equipe profissional do Santos esteja apenas ligada à falta de opções.
– Quando tivermos oportunidade de contratar, vamos ter muito cuidado para não tirar espaço dos jovens. Vamos em pontos muito específicos. Vamos sempre ter muito cuidado com isso. A área de scout, de análise e mercado está bem embasada, trabalhando bem. Se tivermos oportunidade de trazer (algum jogador), vamos trazer, mas pontualmente – disse o gerente executivo de esportes.
– Escrevemos esse projeto esportivo para os próximos três anos. O primeiro ano vai ser de muita dificuldade, muito difícil. Não podemos prometer grandes conquistas. A torcida e a imprensa vão precisar ter muita paciência com os jovens.
Ângelo abraça Ariel Holan, do Santos — Foto: Ivan Storti / Santos FC
No Santos desde o fim de 2019, Jorge Andrade já trocou de função algumas vezes até chegar ao topo do departamento de futebol. Ele, inicialmente, era gerente das categorias de base. Depois, já no profissional, estava abaixo de William Thomas, que deixou o clube em julho de 2020 e abriu espaço para o atual responsável pelo futebol santista.
Adaptado ao Santos e parte do projeto que está sendo colocado em prática, Jorge Andrade acredita que a continuidade de outros clubes, como Palmeiras e Flamengo, precisa ser levada em consideração para se ter sucesso no futuro.
– Vou citar o próprio Palmeiras. Há quanto tempo está com um projeto na base? Teve erros e acertos, mas enfim. Sempre mantendo pessoas. Mantendo Cícero, João Paulo. Teve algumas situações em que trocou o treinador. Isso pode acontecer, mas manteve o projeto. O Flamengo lá atrás arrumou a casa. Eu vejo aqui a nossa direção muito parecida com o que se iniciou com o Bandeira no Flamengo. Pessoas com muita credibilidade, vontade em ajudar o clube, sem nenhum tipo de interesse. Eles construíram algo e tiveram resultado – analisou Jorge Andrade.
– No Inter eu trabalhei por anos na base. Conseguimos ser campeões duas vezes da Libertadores e do Mundial. Para se ter continuidade precisa ter convicção. Eu me considero um profissional que gosta de dar oportunidade para os jovens. Eu gosto de estar envolvido num projeto em que eu possa dar oportunidade para jovens – completou.
(Com informações do GE).