Em depoimento à PF, militar da reserva é investigado por suposta participação em plano contra Alexandre de Moraes, visando a harmonia entre os poderes.
Em um contexto marcado por tensões políticas e institucionais, o general da reserva do Exército Laercio Vergílio surpreendeu ao afirmar à Polícia Federal (PF) que a detenção do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, seria essencial para a “volta da normalidade institucional e a harmonia entre os poderes”.
Essa declaração veio à tona durante o depoimento do general, investigado pela PF por sua suposta participação em um complô para capturar Ministro Alexandre de Moraes.
“Respondeu que não sabe dizer como se daria uma suposta prisão do ministro Alexandre de Moraes, porque estava na reserva desde 2000 e apenas deu sua opinião em relação a esse fato, porque, no seu ponto de vista, a prisão seria necessária para volta da normalidade institucional e harmonia entre os poderes”, diz trecho do depoimento.
Os investigadores da PF questionaram Vergílio sobre conversas interceptadas judicialmente com Aílton Gonçalves, outro militar da reserva e investigado no caso de fraudes em cartões de vacinação. Em uma dessas conversas, o general sugeriu que Moraes deveria ser aprisionado em 18 de dezembro de 2022, por um comandante da Brigada de Operações Especiais de Goiânia.
Diante dos questionamentos sobre essas alegações, Vergílio esclareceu que não planejou nem executou qualquer tentativa de monitoramento ou prisão do ministro. Ele justificou suas declarações como opiniões pessoais, fundamentadas na crença de que a prisão do ministro contribuiria para a normalização das relações institucionais e para a harmonia entre os poderes, sem defender explicitamente um golpe de Estado. Além disso, destacou que qualquer ação denominada “operação especial”, supostamente liderada por Jair Bolsonaro, deveria ocorrer estritamente dentro dos limites legais e constitucionais.
Este caso ganha uma dimensão ainda mais relevante após o ministro Alexandre de Moraes decidir remover o sigilo dos depoimentos dos investigados na operação que examina a tentativa de golpe por Bolsonaro. Essa decisão promove uma maior transparência e permite um debate público mais amplo sobre as ações e intenções dos envolvidos, lançando luz sobre a delicada teia de relações entre as forças militares e o judiciário no Brasil.