Testagem é mais rápida e aponta variantes do Brasil, África do Sul e Reino Unido.
O Instituto Leônidas & Maria Deane da Fiocruz Amazônia desenvolveu um teste, do tipo RT-PCR, capaz de identificar quais variantes do novo coronavírus uma pessoa contraiu. O objetivo é o reconhecimento mais rápido das mutações comuns às cepas do Brasil, Reino Unido e África do Sul.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) considera essas variantes como as mais preocupantes no mundo. Um estudo realizado pela Fiocruz Amazonas identificou, no Brasil, 18 linhagens diferentes dentro de 250 genomas. Porém, mais importante que a quantidade, é a diferença entre elas. Atualmente existe uma que é a mais dominante, a P.1, identificada no Amazonas.
Há uma dispersão geográfica no território brasileiro das variantes de preocupação e alta prevalência em três regiões do Brasil avaliadas: Sul, Sudeste e Nordeste.
O novo protocolo de RT-PCR foi utilizado nas unidades de apoio ao diagnóstico e centrais analíticas da Fiocruz para avaliação de cerca de mil amostras dos estados de Alagoas, Minas Gerais, Ceará, Pernambuco, Paraná, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e Santa Catarina.
Com exceção de Alagoas e Minas Gerais, os demais estados citados possuem mais de 50% das amostras identificadas com a mutação associada às ‘variantes de preocupação’. A Fiocruz atrela esse resultado com a alta circulação de pessoas e o aumento da propagação do vírus Sars-CoV-2.
O novo teste desenvolvido pela Fiocruz Amazonas é voltado para controle de vigilância epidemiológica para identificação do número de variantes do vírus em circulação. Os testes ainda estão em fase de análise e não possuem uma data para distribuição. “A primeira fase foi a de simulação em computador, na segunda verificamos o desempenho do teste frente a amostra de verdade, que funcionou muito bem. E agora, na terceira fase, aumentamos em centenas o número de amostras para testagem, pois quando esse número é maior, a confiança no teste sobe”. Explica o virologista, pesquisador e vice-diretor da Fiocruz Amazônia, Dr. Felipe Naveca.
A Fiocruz ainda estuda sobre como as novas variantes agem no corpo. Os testes ocorrem pela comparação de grupos com doenças graves e leves.
Necessidade de novas vacinas
Uma das preocupações atuais é se a nova variante pode impactar nas vacinas que estão sendo aplicadas na população e se haverá necessidade de uma nova campanha. O Dr. Naveca afirma que as alterações trazem apreensão em relação a esse tema, e que na África do Sul a variante está diminuindo a capacidade das vacinas, o que pode ocorrer no Brasil, pois a P1 também possui três mutações.
“A recomendação é que continue vacinando. Primeiro porque existem outras linhagens e a queda de proteção não significa que a eficácia foi abolida. Precisamos evitar formas mais graves da doença, mas se a queda for acentuada a ponto de comprometer a vacina, todos os fabricantes já têm noção de que as variantes terão que ser inseridas no imunizante”, afirma o pesquisador.
As vacinas não serão jogadas fora, mas sim readequadas com a variante sendo inserida na formulação. Essa situação não é inédita, a vacina de influenza também passa por nova formulação sempre que o vírus circula.
Aumento de casos
A Fiocruz destaca que o aumento de casos em 2021 foi previsto. As festas de fim de ano, as férias de janeiro e a queda no distanciamento social colaboraram para isso. O que estava fora de cogitação era um enfrentamento de novas variantes da Covid-19.
É possível observar no mapa abaixo que houve um aumento significativo de casos na região Sul do Brasil. O Dr. Naveca pontuou que pela região não estar no inverno – pois o clima contribui com a proliferação de vírus respiratórios -, os dados são alarmantes.
Fonte: Brasil 61