A Zona Franca de Manaus tornou-se imprescindível não apenas para Manaus ou para a Amazônia Ocidental, área da sua abrangência, mas para o Brasil, de Norte a Sul. É preciso ter a coragem de reconhecer a importância desse modelo para o país, e perceber que, sem ZFM, esse pedaço do mundo, tão cobiçado por especuladores, estaria irremediavelmente perdido. Assim, o presidente da Federação das Indústrias do Estado do Amazonas, Antonio Silva, exaltou o trabalho desenvolvido pela Suframa, às vésperas dos 54 anos de criação do modelo completados no domingo (28).
Empresário e líder dos 27 sindicatos integrantes da FIEAM, Silva tem forte militância no segmento industrial do Estado, o que lhe deu oportunidade de estar lado a lado com a Suframa tanto nos momentos de euforia, como nos sucessivos recordes de faturamento e emprego nas empresas incentivadas, quanto nos momentos difíceis do Polo Industrial de Manaus. Entre esses momentos, se impõe o atual, da polêmica redução da alíquota do imposto de importação sobre bicicletas, anunciada no último dia 18 pela Câmara de Comércio Exterior (Camex), o que representa um golpe sem precedentes e quase mortal para esse setor do PIM, segundo Silva. Pela medida, anunciada pelo governo federal dia 17 de fevereiro, a alíquota deverá cair 35% de forma escalonada até o dia 31 de dezembro deste ano.
Quarto maior produtor mundial de bicicletas, o polo de duas rodas do PIM, sendo o único do país e o maior da América Latina, conta com pelo menos 70 fabricantes de bens finais e de componentes, partes e peças. Em dezembro do ano passado, a Suframa, em parceria com a Abraciclo (Associação Brasileira dos Fabricantes de Motocicletas, Ciclomotores, Motonetas, Bicicletas e Similares), mostrou todo o vigor desse polo numa exposição dos principais modelos produzidos por Honda, Caloi, Yamaha, Sense Bike, BMW, Harley Davidson, Suzuki e OGGI Bike, entre outras igualmente famosas. No PIM, esse setor é o que possui o mais elevado índice de adensamento da cadeia produtiva, com elevados índices de regionalização e nacionalização de insumos.
De acordo com os indicadores de desempenho do Polo Industrial de Manaus, divulgados pela Suframa, entre janeiro e agosto de 2020, em plena pandemia da Covid-19, o polo de duas rodas faturou R$ 8,7 bilhões, o que, segundo a autarquia, configurou o terceiro maior segmento no período, com um total de 590.217 unidades de motocicletas e 375.899 bicicletas produzidas, incluindo as elétricas.
Pandemia
Para Antonio Silva, a atitude firme com que o atual dirigente da Suframa, Algacir Polsin, tem conduzido os destinos da autarquia é fundamental, especialmente nos 12 meses da pandemia no Amazonas, um ano, como o próprio Polsin disse, de muitos desafios para as empresas e principalmente para seus empregados. Para Silva, são alentadoras as palavras do superintendente ao reconhecer que o PIM conseguiu se adequar à realidade da pandemia.
Antonio Silva lembrou que, apesar das medidas restritivas de circulação de pessoas e paralisação das atividades não essenciais, ao longo do ano, o PIM faturou, entre janeiro e novembro de 2020, R$ 109,74 bilhões, o que representou um crescimento de 13,06% em relação ao mesmo período de 2019. “Além de manter o nível de emprego em patamares elevados, nosso Polo Industrial obteve, em 2020, o melhor resultado em exportações”, disse Antonio Silva. De acordo com os indicadores de mão-de-obra da Suframa, em novembro, o número de trabalhadores no PIM era de 100.512, entre efetivos, temporários e terceirizados, o que representou um aumento de 8,97% em relação ao mesmo mês do ano anterior. Também em novembro de 2020, o faturamento com exportações foi de US$ 48 milhões, o que representou uma alta de 55,08% em relação ao resultado do ano anterior.
Suframa, 54 anos
Criado pelo Decreto-Lei nº 288, de 28 de fevereiro de 1967, o projeto Zona Franca de Manaus foi concebido para vigorar por 20 anos, até 1997. Ao longo de cinco décadas, foi prorrogado quatro vezes, a mais recente mediante a Emenda Constitucional 83/2014, que transferiu o término dos seus incentivos fiscais para o ano de 2073.
Com a garantia de mais 50 anos de vigência, tudo o que se espera diz o presidente da FIEAM, Antonio Silva, é que a Zona Franca de Manaus continue fazendo jus ao reconhecimento nacional e até internacional como exemplo bem-sucedido de desenvolvimento e de conservação de sua área de atuação, os estados da Amazônia Ocidental e os municípios de Macapá e Santana, no Amapá, em bases sustentáveis. Para Antonio Silva, graças ao modelo, o estado do Amazonas pode se orgulhar de manter preservada aproximadamente 98% de sua cobertura vegetal original. “Essa é a prova de que é possível harmonizar o desenvolvimento com o respeito ao meio ambiente. Que venham mais 54 anos para a Suframa!”, festejou Silva.