Pela primeira vez, Barbie com pintura corporal e roupas brasileiras
A indígena brasileira Maira Gomez, da etnia Tatuyo, do Amazonas, foi retratada em uma Barbie. Maira é uma criadora de conteúdo digital sobre a cultura indígena, mostrando hábitos familiares, e é conhecida nas redes sociais como @cunhaporangaoficial. Apenas em sua conta no TikTok, Maira possui mais de 6,6 milhões de seguidores.
O lançamento da boneca foi anunciado na rede social da Barbie nesta quarta-feira, 6 de março, para celebrar os 65 anos da boneca em 9 de março. “Ao redor do mundo, as mulheres sempre se destacaram acima do estado das coisas para imaginar possibilidades maiores para si e para as gerações futuras”, afirma a publicação. O lançamento também coincide com o Dia Internacional da Mulher, em 2024, em 8 de março.
Criada pela empresa de brinquedos Mattel em 1959, o ícone mundial da Barbie representa diversas profissões e estilos. A indústria já havia criado bonecas indígenas nativas americanas, mas esta é a primeira vez que homenageia uma indígena do Brasil.
A nova versão da boneca apresenta pinturas gráficas no rosto feitas com frutos de urucum e jenipapo, adornos ancestrais feitos de penas e sementes, como colares, brincos e tiaras, e roupas que simulam palhas da tradição indígena brasileira, ao invés do cenário cor-de-rosa retratado no filme Barbie de 2023, com estereótipos da personagem principal com cabelos loiros.
Em sua conta no Instagram, a jovem indígena questiona os seguidores se está vivendo um sonho. “Esta semana estivemos em São Paulo para receber essa bela homenagem da Mattel, representando o Brasil na Barbie Role Model, em comemoração aos 65 anos da Barbie e o Dia Internacional da Mulher. Obrigada, Mattel, por essa homenagem. É uma honra representar nosso país. Afinal, você pode ser o que quiser!”, agradeceu.
Coleção Role Models homenageia com Barbies oito mulheres que se destacaram em suas áreas Foto – barbiestyle/Instagram
Mulheres inspiradoras
O novo modelo faz parte da coleção Role Models, da fabricante Mattel, inspirada em mulheres reais de todo o mundo, e celebra figuras importantes como forma de destacar modelos positivos de mulheres. A coleção tem o lema “Histórias de mulheres notáveis para mostrar às garotas que elas podem ser qualquer coisa”, informa a Mattel.
Junto com a primeira indígena brasileira, as novas integrantes escolhidas para a coleção Role Models são representantes de outras sete mulheres reconhecidas por suas atividades em seus respectivos segmentos: a atriz Dame Helen Mirren (Reino Unido); a modelo Nicole Fujita (Nova Zelândia/Japão); a atriz, produtora e ativista Viola Davis (Estados Unidos); a cantora e compositora Shania Twain (Canadá); a comediante Enissa Amani (Alemanha); a artista Kylie Minogue (Austrália) e a cineasta Lila Avilés (México). As bonecas não estão à venda e foram feitas unidades para cada uma das homenageadas.
Desde 2015, entre as Barbies das edições anteriores da coleção Role Models, consideradas referências femininas, estão a produtora e cineasta norte-americana Shonda Rhimes, a ex-diretora executiva do YouTube, Susan Wojcicki; a cantora cubana Celia Cruz, a skatista nipo-britânica Sky Brown e a tenista japonesa Naomi Osaka. Conheça todas as Barbies da coleção Role Models.
Há décadas, a Barbie ultrapassou a barreira de ser apenas uma boneca fashion e se tornou um ícone pop estrelando filmes, desenhos animados, jogos de videogame e milhares de produtos licenciados com sua marca.
Repercussão
A deputada federal Célia Xakriabá (PSOL-MG) disse à Agência Brasil que a boneca é um importante símbolo e que por trás disso está a luta das lideranças indígenas. “Somos as brabas do Congresso Nacional, as brabas dos territórios, mas também é importante estarmos em uma coleção da Barbie, porque nós somos 305 povos, temos mais de 274 línguas no Brasil”, justificou.
A parlamentar destaca esse simbolismo no dia 8 de março: “Neste Dia Internacional da Mulher, queremos que a sociedade entenda que, além de ter visibilidade com essa nova Barbie indígena, também queremos estar na política, na universidade e, acima de tudo, superar o fato de que as mulheres estão morrendo tão cedo devido ao feminicídio, o que nos impede de nos expressar”, concluiu.