Uma das consequências da teoria da relatividade de Einstein chamada “dilatação do tempo” foi observada pela primeira vez na luz de quasares do início do universo. De acordo com os autores da façanha, um astrofísico e um estatístico australianos, ver o início do universo funcionando em câmera lenta foi possível usando uma série de quasares como “relógios”.
Depois que o astrônomo Edwin Hubble descobriu, na década de 1920, que o universo está se expandindo, os físicos perceberam que a dilatação proposta por Einstein deveria ocorrer ao longo do tempo. Isso significa que, de nossa perspectiva atual, o passado do universo distante (mais antigo) se movia em um ritmo mais lento. No entanto, determinar o quão mais lento dependia se olhar para trás o mais longe possível.
Em comunicado, o autor principal do estudo, o astrofísico Geraint Lewis, da Universidade de Sydney, explica: “Olhando para uma época em que o universo tinha pouco mais de um bilhão de anos, vemos o tempo parecendo fluir cinco vezes mais devagar. Se você estivesse lá, naquele universo primordial, um segundo pareceria um segundo, mas, de nossa posição mais de 12 bilhões de anos no futuro, esse tempo inicial parece se arrastar”.
Como foi feita a observação do tempo nos quasares?
Publicado segunda-feira (3) na revista Nature Astronomy, o artigo “Detecção da dilatação do tempo cosmológico de quasares de alto desvio para o vermelho” rebateu um estudo anterior, que usava supernovas para confirmar o universo em câmera lenta em cerca de metade da sua idade. A nova observação de quasares reverteu esse horizonte de tempo para “apenas” um décimo da idade do universo.
“Onde as supernovas aparecem como um único flash de luz, tornando-as mais fáceis de estudar, os quasares são mais complexos, como uma exibição de fogos de artifício em andamento”, observou Lewis. Junto com o estatístico Brendon Brewer, ele examinou detalhes de 190 quasares observados ao longo de duas décadas. Os dados foram comparados com diferentes comprimentos de onda: luzes verde e vermelha e o espectro infravermelho.
Expandindo radicalmente o número de quasares e o tempo de investigação, os pesquisadores observaram esses objetos cosmológicos mais antigos “piscando” em câmera lenta, quando comparados com quasares mais recentes. Os novos dados e análises obtidos mostraram que “o indescritível tique-taque dos quasares” se comporta exatamente como prevê a relatividade de Einstein, afirma Lewis nas considerações finais.